(Áreas de manguezais em todo o mundo)
De acordo com a primeira avaliação global sobre o estado de conservação dos manguezais realizado pelas organizações não-governamentais IUCN e Conservação Internacional (CI), mais de uma em cada seis espécies de manguezais existentes no planeta correm perigo de extinção devido, em parte, ao desenfreado desenvolvimento urbano em regiões litorâneas e costeiras, e à diversos outros fatores, incluindo as mudanças climáticas, o desmatamento e a agricultura.
Os estudos foram conduzidos pela Unidade de Avaliação Global de Espécies Marinhas (Global Marine Species Assessment Unit – GMSA), segmento que faz parte da Unidade de Avaliação da Biodiversidade, uma iniciativa conjunta da IUCN e CI, juntamente com os maiores especialistas em manguezais do mundo. Publicado na última semana no jornal científico PLoS ONE, a pesquisa mostra que 11 das 70 espécies de manguezais (16%) analisadas entraram na Lista Vermelha de Espécies Ameaçdas da IUCN. Os resultados da pesquisa mostram que as costas Atlântica e Pacífica da América Central se configuram como as regiões mais afetadas mundialmente, onde mais de 40% das espécies são consideradas ameaçadas de extinção.
(Manguezais da Bahia)
“A perda potencial dessas espécies é um sintoma da destruição e exploração generalizada das florestas de mangue,” afirma Beth Polidoro, pesquisadora associada ao GMSA na Old Dominion University e principal autora do estudo. “Os maguezais formam um dos mais importantes habitats tropicais que mantem diversas espécies de vida, e sua perda pode afetar a biodiversidade marinha e terrestre muito mais amplamente”, continua.
Berçários da vida marinha em perigo – Os manguezais nascem do encontro entre a água salgada e a costa em regiões tropicais e subtropicais, servindo como uma interface entre ecossistemas terrestres, marinhos e de água doce. Estima-se que as florestas de mangues sejam responsáveis por prover até 1.6 bilhões de dólares por ano em serviços dos ecossistemas.
Além de sua importância natural para a manutenção da vida nos oceanos, os manguezais também desempenham um importante papel no cotidiano de comunidades costeiras, protegendo estas localidades dos danos causados por tsunamis, erosões e tempestades, e servindo como berçário para peixes e outras espécies que garantem a subsistência costeira. Somado a isso, está a incrível habilidade que os manguezais possuem de sequestrar carbono da atmosfera, funcionando tanto como fonte quanto como repositório de nutrientes e sedimentos para outros habitats marinhos, como os leitos de águas marinhas e recifes de corais.
Proteção urgente é necessária principalmente para duas espécies de manguezais que estão classificadas como criticamente ameaçadas, ou seja, com maior probabilidade de extinção segundo a Lista Vermelha da IUCN. São elas: Sonneratia griffithii e Bruguiera hainesii.
A Sonneratia griffithii é encontrada na Índia e no sudeste da Ásia, onde 80% dos manguezais foram perdidos nos últimos 60 anos. Já a Bruguiera hainesii é uma espécie ainda mais rara, que cresce apenas em uma pequena parte da Indonésia, Malásia, Tailândia, Myanmar, Singapura e Papua Nova Guinea. Estima-se que existam menos de 250 árvores maduras restantes dessa espécie.
“A perda dos manguezais terá consequências devastadoras para a economia e o meio ambiente,” diz Greg Stone, vice presidente do Programa Marinho da Conservação Internacional. “Esses ecossistemas não são apenas um componente vital nos esforços contra as mudanças climáticas, mas também protegem algumas das populações mais vulneráveis do planeta de climas extremos, funcionando como fontes de comida e renda”, finaliza.